segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Cuidado com o voto de protesto!...

Você já escolheu seu candidato?

Pra quase todos que faço essa pergunta, as respostas são parecidas com essa:

“Esse ano tá bravo!”, “É muita palhaçada!” ou “É um pior que o outro!”

Realmente, estamos passando por uma fase terrível na qualidade (ou na falta de) dos candidatos. É um que promete salário mínimo de R$ 2.500,00, outro que afirma não saber qual a função que o cargo a que está concorrendo lhe confere. Enfim, é festa do cachorro louco, ou ‘the crazy dog party’, como diriam lá fora!

O que está acontecendo de fato? Por que existem candidatos tão peculiares nessa campanha de 2010?

Para responder a essa pergunta, voltemos ao ano de 1958. Em São Paulo, as eleições para o cargo de vereador foram marcadas por um acontecimento inusitado! Um rinoceronte chamado Cacareco, se fosse um humano, teria sido eleito naquele pleito com inacreditáveis 100 mil votos!

Vereador Cacareco

Rinoceronte Cacareco seria eleito com quase 100 mil votos!

Explico: Naquela época, não existiam urnas eletrônicas e o eleitor votava marcando um “X” no seu candidato em uma cédula de papel. Para se anular um voto, o votante podia marcar todos os campos ou escrever qualquer coisa na cédula. E o que a maioria dos eleitores fez? Escreveu “Rinoceronte Cacareco” nos votos, resultando, daí, o “candidato” mais votado do pleito além da cunhagem da definição do voto de protesto!

O voto de protesto repetiu-se mais algumas vezes em outras eleições em nosso país. Em 1988, por exemplo, um macaco ficou em 3º lugar nas eleições à prefeitura do Rio de Janeiro. Com 400 mil votos, o Macaco Tião acabou parando no Guinness Book, o livro dos recordes http://www.guinnessworldrecords.com/news/2008/11/081104.aspx, como o chipanzé que mais recebeu votos no mundo!

Macaco Tião

Macaco Tião, campanha iniciada pelo Casseta & Planeta

Com o processo de votação informatizado, as urnas eletrônicas foram incorporadas às eleições e com elas veio também a impossibilidade de se escrever qualquer coisa em seu voto! O eleitor agora tinha apenas as seguintes opções: Votar em um candidato que estava concorrendo, votar em branco ou votar em um candidato inexistente, anulando o voto.

Com essa nova maneira de se votar, o povo encontrou outra maneira para protestar: Votar no candidato mais “cacareco” que existir!

Resultado: em 2002, o candidato Enéas Carneiro, com o seu jeitão de bravo, fala dura e ligeira, enorme barba e inconfundível bordão “O meu nome é Enéas!” conseguiu 1,5 milhões de votos, se tornando o candidato mais votado da história ao cargo de deputado federal por São Paulo. Sua votação foi tão expressiva que os outros 5 candidatos do seu partido acabaram sendo eleitos no embalo.

Em 2006, o ex-estilista e apresentador, Clodovil Hernandes, é eleito. As frases de efeito usadas em sua campanha como “Vocês acham que eu sou passivo? Pisa no meu calo para você ver…”, além dos seus comentários polêmicos o transformaram no “alvo” do voto de protesto da vez e ele foi o 3° deputado mais votado do Brasil, com mais de 493 mil votos!

Os partidos políticos se ligaram no que estava acontecendo e “já que o povo quer protestar, vamos lançar os nossos candidatos cacarecos”, ou seja, nas últimas eleições, a maioria das alianças partidárias passou a colocar os candidatos mais malucos e inusitados possível.

O problema é: Quando o povo votava num rinoceronte ou num macaco como forma de protesto, o animal não era eleito. Nos dias de hoje, se o povo protesta votando naquele candidato mais zoado, no mais engraçado ou no mais sem noção, caso o sujeito ganhe a eleição, sobe ao poder.

Portanto, cuidado com o seu voto de protesto!


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