Você já escolheu seu candidato?
Pra quase todos que faço essa pergunta, as respostas são parecidas com essa:
“Esse ano tá bravo!”, “É muita palhaçada!” ou “É um pior que o outro!”
Realmente, estamos passando por uma fase terrível na qualidade (ou na falta de) dos candidatos. É um que promete salário mínimo de R$ 2.500,00, outro que afirma não saber qual a função que o cargo a que está concorrendo lhe confere. Enfim, é festa do cachorro louco, ou ‘the crazy dog party’, como diriam lá fora!
O que está acontecendo de fato? Por que existem candidatos tão peculiares nessa campanha de 2010?
Para responder a essa pergunta, voltemos ao ano de 1958. Em São Paulo, as eleições para o cargo de vereador foram marcadas por um acontecimento inusitado! Um rinoceronte chamado Cacareco, se fosse um humano, teria sido eleito naquele pleito com inacreditáveis 100 mil votos!
Explico: Naquela época, não existiam urnas eletrônicas e o eleitor votava marcando um “X” no seu candidato em uma cédula de papel. Para se anular um voto, o votante podia marcar todos os campos ou escrever qualquer coisa na cédula. E o que a maioria dos eleitores fez? Escreveu “Rinoceronte Cacareco” nos votos, resultando, daí, o “candidato” mais votado do pleito além da cunhagem da definição do voto de protesto!
O voto de protesto repetiu-se mais algumas vezes em outras eleições em nosso país. Em 1988, por exemplo, um macaco ficou em 3º lugar nas eleições à prefeitura do Rio de Janeiro. Com 400 mil votos, o Macaco Tião acabou parando no Guinness Book, o livro dos recordes http://www.guinnessworldrecords.com/news/2008/11/081104.aspx, como o chipanzé que mais recebeu votos no mundo!
Com o processo de votação informatizado, as urnas eletrônicas foram incorporadas às eleições e com elas veio também a impossibilidade de se escrever qualquer coisa em seu voto! O eleitor agora tinha apenas as seguintes opções: Votar em um candidato que estava concorrendo, votar em branco ou votar em um candidato inexistente, anulando o voto.
Com essa nova maneira de se votar, o povo encontrou outra maneira para protestar: Votar no candidato mais “cacareco” que existir!
Resultado: em 2002, o candidato Enéas Carneiro, com o seu jeitão de bravo, fala dura e ligeira, enorme barba e inconfundível bordão “O meu nome é Enéas!” conseguiu 1,5 milhões de votos, se tornando o candidato mais votado da história ao cargo de deputado federal por São Paulo. Sua votação foi tão expressiva que os outros 5 candidatos do seu partido acabaram sendo eleitos no embalo.
Em 2006, o ex-estilista e apresentador, Clodovil Hernandes, é eleito. As frases de efeito usadas em sua campanha como “Vocês acham que eu sou passivo? Pisa no meu calo para você ver…”, além dos seus comentários polêmicos o transformaram no “alvo” do voto de protesto da vez e ele foi o 3° deputado mais votado do Brasil, com mais de 493 mil votos!
Os partidos políticos se ligaram no que estava acontecendo e “já que o povo quer protestar, vamos lançar os nossos candidatos cacarecos”, ou seja, nas últimas eleições, a maioria das alianças partidárias passou a colocar os candidatos mais malucos e inusitados possível.
O problema é: Quando o povo votava num rinoceronte ou num macaco como forma de protesto, o animal não era eleito. Nos dias de hoje, se o povo protesta votando naquele candidato mais zoado, no mais engraçado ou no mais sem noção, caso o sujeito ganhe a eleição, sobe ao poder.
Portanto, cuidado com o seu voto de protesto!
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